Hoje, se viva estivesse, Audrey Hepburn estaria completando 88 anos de vida. Para homenagear essa grande atriz e mulher, nada mais justo do que escrever sobre um dos filmes mais louváveis de sua carreira.
Sinopse:
Dick Avery (Fred Astaire), o prestigiado fotógrafo da conceituada revista feminina Quality Magazine, cuja proprietária é a excêntrica Maggie Prescott (Kay Tomphson), está insatisfeito com as modelos que tem que fotografar.
Decidido a achar um novo rosto para estampar as capas da Quality, Dick acaba encontrando em Jo Stockton (Audrey Hepburn ), uma moça desleixada e funcionária de uma livraria, a "new face" que tanto procurava.
Mas Jo é totalmente contra revistas de moda, é após muoto esforço, Dick e Maggie a convencem a ir à Paris para ser a nova "Mulher Quality" e estrear a nova coleção do famoso estilista francês Paul Duval.
Porém, ao chegar em Paris, as coisas não saem como o planejado.
Jo está mais interessada em assistir as palestras de professor Florester - segundo ela, o "pai do empaticismo") nos cafés parisienses do que em ser uma modelo internacional, gerando muitas divertidas confusões.
Sobre o filme:
Embora Audrey Hepburn não seja uma grande cantora e Fred Astaire já estivesse muito mais velho do que na época em que protagonizava incríveis números musicais ao lado de Ginger Rogers, Cinderela em Paris é um dos mais alegres e deliciosos musicais produzidos na década de 1950.
Audrey Hepburn está radiante nos figurinos de Hubert de Givenchy! Audrey, em sua performance como cantora, não deixa a desejar, pois todas as músicas foram escritas para adaptar-se a sua voz rouca. O resultado final nos oferece bonitas canções que ficaram ótimas na voz de Audrey.
Fred Astaire está divertidíssimo como Dick Avery, e mais uma vez nos brinda com ótimos números de dança.
Mas Hepburn e Astaire não funcionam como par romântico. Fred Astaire, na época com 58 anos, parece mais o pai de Audrey do que seu par romântico.
A direção de Stanley Donen é brilhante! Desde "Cantando na Chuva", de 1952, Stanley Donen não produzia um filme tão bom.
A fotografia do filme é um show à parte. As cores vivas e alegres fazem deste filme um dos mais bem produzidos em Techinicolor.
Rodado em Paris, o filme nos fornece todo o charme e beleza da Cidade Luz. Locações como a Catedral de Notre Dame, o Rio Sena, a Champs Elisse, o Museu do Louvre e a Torre Eiffel, são um dos elementos mais fortes para Cinderela em Paris ser um filme tão encantador.
As músicas são alegres e bonitas, destaque para "Bonjour, Paris!", que provavelmente é a melhor canção do filme.
Mas o grande destaque do filme é o maravilhoso figurino que Hubert de Givenchy, estilista francês e amigo de Audrey Hepburn criou para ela neste filme.
Cada peça que Hepburn traja é um deleite para os olhos do público feminino.
Cinderela em Paris é daqueles filmes que entretém, divertem e encantam o público. Cada cena deste filme nos faz sentir em Paris, faz com que sintamos todo o encanto da cidade mais bela do mundo.
Sem dúvidas é um filme que merece ser visto várias e várias vezes, não só pelos amantes de musicais, Paris e admiradores de Audrey Hepburn, mas por todos aqueles que se intitulam cinéfilos.
Baseado no livro ''My Cousin Rachel'', de Daphne Du Maurier, a mesma autora de ''Rebecca'', o longa de 1952 é estrelado por Olivia de Havilland e Richard Burton, marcando sua estréia no cinema americano.
Após a morte de seus pais quando era recém-nascido, Philip Ashley (Richard Burton) passa a ser criado por seu primo mais velho Ambrose (John Sutton), que tornasse mais que um primo para Philip. Torna-se seu pai, amigo, irmão. Tudo no mundo para Philip.
Muitos anos mais tarde, Ambrose, devido recomendações médicas, vai para à Itália, e é lá que ele conhece Rachel (Olivia de Havilland), sua prima distante. Ambrose se apaixona por Rachel e se casa com ela.
Feliz, Ambrose escreve para Philip contando sobre a cerimônia e o quanto sua prima Rachel é encantadora e inteligente.
Mas após algum tempo, Philip recebe cartas estranhas de Ambrose, cuja caligrafia mostra-se ser a de alguém doente e perturbado.
Depois de uma série de cartas assim, Philip decide ir à Europa atrás de seu primo, quando recebe uma última carta de Ambrose, dizendo: ''Ela conseguiu! Rachel, meu tormento''.
Ao chegar na Itália, Philip descobre que Ambrose havia falecido há três semanas, devido um tumor cerebral, possivelmente uma doença hereditária, já que o pai de Ambrose havia falecido da mesma doença.
Insatisfeito com as explicações que receberá durante sua estadia na Itália e certo de que sua prima Rachel tem algo haver com a morte de Ambrose, Philip decide vingar-se dela.
De volta à Inglaterra, Philip é informado que sua prima Rachel está a caminho, para devolver a ele os pertences de Ambrose.
Philip vê que essa é a oportunidade perfeita para acusar Rachel, mas quando ela chega, seus conceitos sobre ela mudam.
Rachel, uma mulher de 35 anos, muito bonita, educada e inteligente, cuja a amabilidade torna-se suspeita. Culpada ou inocente? É o que Philip passa a se perguntar constantemente.
Com o passar dos dias, Philip se apaixona por Rachel, tornando-se incapaz de acusá-la. Mas essa paixão torna-se uma obsessão.
Sem ter sido mencionada no testamento de Ambrose, Rachel possui dívidas, que Philip faz questão de pagar, além de dar à sua amada prima uma alta mesada e presenteá-la com as jóias da família.
Entretanto, no testamento, Ambrose deixa claro que Philip só poderá dispôr de seus bens quando completar 25 anos. E é nessa ocasião que Philip, cego de paixão, doa todos os seus bens para Rachel. As jóias, o dinheiro, a propriedade... Tudo.
Após isso, Philip acredita que irá se casar com Rachel, mas está completamente equivocado.
Sobre o filme
Olivia de Havilland retoma suas atividades cinematográficas dois anos depois de ter ganho o seu segundo Oscar de Melhor Atriz por sua aclamada performance em "Tarde Demais", e faz um excelente trabalho como a misteriosa prima Rachel, que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática.
Por sua vez, Richard Burton - então novato em Hollywood -, nos fornece uma atuação um pouco explosiva, às vezes demasiado dramática, às vezes demasiado fria, mas não deixou à desejar. Burton consegue captar bem a essência do personagem, e sua performance lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante - embora seja o intérprete do personagem principal, Burton não conseguiu grandes destaques, já que Olivia de Havilland foi considerada a grande estrela do filme.
A direção de Henry Koster é bem elaborada, mas um tanto cansativa.
A fotografia do filme é ótima, os figurinos muito bem reproduzidos, mas a cereja do bolo é a fantástica trilha sonora de Franz Waxman.
''Eu Te Matarei, Querida!'', é mais um dos grandes clássicos de Hollywood que infelizmente tornou-se esquecido pelo público, e mesmo não sendo a obra-prima de Koster, é um bom filme e deveria ser mais reconhecido pelo público.
O último dos cinco filmes da incrível dupla Bette Davis & Olivia de Havilland, nos trás um verdadeiro duelo de gigantes e um ótimo suspense.
O filme começa em 1927, quando poderoso Big Sam Hollis (Victor Buono) que após descobrir o romance de sua filha Charlotte (Bette Davis) com John Mayhew, força o rapaz a romper com a garota. Na mesma noite, há uma festa na grandiosa mansão dos Hollis, e John, mesmo contra a sua vontade, rompe com Charlotte, que sai desolada do local e jurando que poderia matá-lo.
Alguns minutos depois, John tem uma das mãos e a cabeça decepada, e Charlotte aparece com o vestido completamente sujo de sangue perante a todos os presentes naquela noite, fazendo com que seja julgada culpada pelo crime.
37 anos depois, ela vive sozinha em sua decrépita mansão ao sul da Louisina, tendo apenas a companhia de Velma (maravilhosamente interpretada por Agnes Moorehead), a sua fiel serviçal. Forçada a abandonar sua residência em poucas semanas, devido à construção de uma nova estrada, Charlotte notifica sua única parente, Miriam Deering (Olivia de Havilland) para que possa auxiliá-la.
Miriam é prima mais nova de Charlotte, que fora criada pelos Hollis após a morte de seus pais. Totalmente mesquinha e invejosa, Miriam se une ao duvidoso dr. Drew Bayliss(Joseph Cotten) para atormentar Charlotte, fazendo-a ficar ainda mais perturbada, a fim de interná-la em uma clínica e ficar com a fortuna da prima para si.
Entretanto, ainda há Jewel Mayhew (Mary Astor), a viúva de John, que nutre um enorme ódio por Miriam, e há também o recém chegado detetive Mr. Harry Willis (Cecil Kellaway), um estudioso do caso Mayhew e fascinado por ele. Ambos estes personagens são peças chaves para a solução deste fatídico caso e o destino de Charlotte, que agora encontra-se nas mãos da ambiciosa Miriam.
Em 1962 ''O que Terá Acontecido a Baby Jane?'', um filme de suspense e horror com Bette Davis e Joan Crawford, foi um gigantesco sucesso de bilheteria e de crítica, e em 1964, dois anos depois, o diretor Robert Aldrich quis fazer uma espécie de continuação do filme, cuja o título seria ''What Ever Happened to Cousin Charlotte?\ O que Terá Acontecido a Prima Charlotte?'', mas tal afirmação não pode ser de todo certa, já que o roteiro teria sido inspirado no conto de Henry Farrel,
Aldrich queria no elenco as estrelas de seu filme anterior, Bette Davis e Joan Crawford, entretanto o relacionamento entre Davis e Crawford era péssimo, e o clima durante as gravações se tornou tão pesado quanto o de Baby Jane.
Após alegar doença e faltar por vários dias no set, Aldrich percebeu que teria de substituir Joan por outra atriz. O papel de Miriam foi oferecido a grandes atrizes, como Vivien Leigh e Katherine Hepburn, que recusaram. Bette Davis então propôs o nome de sua amiga Olivia de Havilland, com quem já havia trabalhado em outros quatro filmes (Somos do Amor, 1937, Meu Reino por um Amor, 1939, Nascida para o Mal, 1942 e Graças à Minha Boa Estrela, em 1943). Olivia, que se encontrava na Suíça, fez Aldrich ir até ao país para convencê-la a participar do longa.
Conta-se que, ao ouvir sobre sua substituição em uma transmissão de rádio, Joan Crawford, que se encontrava hospitalizada, ficou profundamente revoltada.
Mas, para o bem do diretor e da equipe, Olivia de Havilland e Bette Davis se entendiam muito bem, e as filmagens ocorreram em clima de paz.
O filme estreou em 1964 sendo um sucesso de bilheteria, mas inferior ao sucesso de Baby Jane, e obteve críticas mistas. Muitos o acharam inferior ao filme de 1962, outros o acharam brilhante, e apontaram Olivia de Havilland como o grande destaque do filme, e por vezes ofuscando Davis.
Além disso, o filme também têm no elenco Joseph Cotten e Agnes Moorehead, co-estrelas de Cidadão Kane, filme de 1941 estrelado por Orson Welles.
O filme obteve sete indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Atriz Coadjuvante para Agnes Moorehead, mas não venceu nenhuma.
Este também foi o último filme de Mary Astor, que interpretou Jewel Mayhew, papel originalmente oferecido a Barbara Stanwyck.
A música tema do filme ''Hush... Hush, Sweet Charlotte'', originalmente gravada por Al Martino foi um grande sucesso, e até os dias de hoje continua sendo regravada por vários artistas.
Assista ao trailer de ''Hush... Hush, Sweet Charlotte'':
Um dos grandes melodramas da década de 40, Só Resta Uma Lágrima nos trás uma bonita história e uma atuação SOBERBA de Olivia de Havilland, que recebeu seu primeiro Oscar de Melhor Atriz por sua atuação neste longa.
Sinopse:
Jody Norris (Olivia de Havilland) é uma garota do interior, que vive com seu pai e o ajuda em sua farmácia/mercearia. Mesmo sendo muito bonita e atraindo vários pretendentes, Jody não sente vontade alguma de se apaixonar ou de se casar.
O ano é 1918, e quando a Primeira Guerra Mundial está chegando ao fim, Jody conhece e instantaneamente se apaixona por Bart Cosgrove (John Lund), um piloto recém chegado em Piersen Falls, que fica na cidade apenas uma noite.
E é nessa noite que Jody, muito apaixonada, se entrega a Bart, que parte na manhã seguinte.
Os dois se apaixonam e o relacionamento continua, mas à distância, através de cartas.
Pouco tempo depois, Jody descobre que está grávida, mas é aconselhada pelos médicos a abortar a criança, caso contrário, estará se submetendo ao risco de ter peritonite e morrer.
Sem notícias de Bart e temendo um escândalo, Jody aceita fazer o aborto, porém, ao chegar em casa, ela descobre que Bart foi morto em combate. Jody desiste da ideia de abortar e segue com a gravidez, mesmo sabendo dos riscos.
Logo no início de 1919, Jody vai para NY e dá à luz a um menino. Sem saber o que fazer com a criança, Jody combina com Daisy - uma enfermeira que mais tarde vira sua amiga - um plano para que ela fique com o bebê por duas semanas, e depois abandoná-lo, fazendo com que Jody possa adotá-lo sem que cause um escândalo em sua pacata cidade.
Duas semanas se passam, e Jody aguarda ansiosamente por alguma notícia de seu filho. Logo se espalha pela cidade que um bebê foi abandonado em uma casa cheia de crianças, o que facilita o processo de adoção para Jody.
Entretanto o plano de Jody dá errado, e o bebê acaba sendo adotado pelos Piersen.
Desolada, Jody vai para Nova York e se torna uma bem-sucedida e amarga empresária. Ela segue amando seu filho à distância, até que anos depois, o destino os une novamente, dando uma nova chance a Jody de conquistar o amor de seu filho.
Olivia de Havilland está magnífica neste drama! Sua entrega ao papel foi tão grande, que mesmo sendo cinco anos mais nova do que John Lund (intérprete de seu filho na fase adulta), ela realmente parece a mãe do personagem. A ótima maquiagem ajudou muito, mas foram os olhares, os gestos e sobretudo a entrega de Olivia ao papel que fazem com que o público sinta isso.
A personagem Jody, que vai de garota inocente a senhora amargurada, rendeu à Olivia sua terceira indicação ao Oscar, e sua primeira vitória como Melhor Atriz.
Mary Anderson é outro destaque do filme. A ''antagonista'' Corinne Piersen foi um dos pontos fortes do filme.
O restante do elenco esteve bem, destacando John Lund, que logo em sua estréia nos cinemas encara um papel duplo: o de Bart, na primeira fase do filme, e depois o de Gregory Piersen, o filho de Jody vinte e quatro anos depois.
Destaque também para a ótima direção de Mitchel Leisen, que havia dirigido Olivia de Havilland em ''A Porta de Ouro''. E destaque para a bonita trilha sonora de Victor Young.
Embora não tenha todo o reconhecimento que merece, Só Resta uma Lágrima é um dos melhores dramas da década de 1940. Um filme que emociona do começo ao fim, não só pela cativante atuação de Olivia como uma mãe sofrida, mas também pela belíssima história. A cena final é de uma emoção contagiante.
Sem dúvidas este é um dos melhores filmes de Olivia de Havilland, a homenageada do blog esse ano. Um filme para ser visto e revisto várias vezes, principalmente para aqueles que não resistem a um bom melodrama.
Curiosidades:
O papel de Josephine fora oferecido a Ginger Rogers, que recusou.
Estréia de John Lund, já em papel duplo.
Olivia de Havilland exigia Mitchell Leisen como diretor desse filme. A atriz já havia sido dirigida por Leisen em A porta de ouro, também escrito por Charles Brackett, em colaboração com Billy Wilder.
Olivia de Havilland quando ganhou o Óscar de Melhor Atriz, agradeceu a 27 pessoas. Não chegou a ser o maior discurso já feito no Oscar - este cabe a Greer Garson - mas de Havilland é recordista no número de pessoas citadas durante o discurso de agradecimento feito após a entrega do prêmio.
Prêmios e Indicações:
Oscar (1947)
Venceu na categoria de melhor atriz (Olivia de Havilland).
Como prometido, estou escrevendo sobre os filmes da maravilhosa Olivia de Havilland, como uma forma de homenagem pelo centenário dessa grande atriz, em primeiro de julho desse ano. E, como eu havia dito antes, não irei falar dos filmes em forma cronológica, mas sim sobre os melhores, os que mais me chamam a atenção e etc.
E hoje, finalmente vou falar sobre o meu preferido: A Cova da Serpente.
Este é, sem dúvidas, um dos melhores filmes de Olivia, não só por sua atuação soberba, mas também pelo tema central do filme: problemas mentais e as más condições dos hospitais psiquiátricos públicos.
Sinopse:
Virginia Stuart Cunningham (Olivia de Havilland) é uma jovem escritora, que dias após seu casamento, é diagnosticada com depressão nervosa, e acaba sendo internada num hospital psiquiátrico por seu marido, Robert (Mark Stevens)
Lá, Virginia é submetida a diversos tratamentos, como terapia de eletrochoque, também tendo que ficar horas e horas em uma banheira com água fervendo.
Há falta de recursos no hospital. Faltam leitos, equipamentos, alimentos... Um verdadeiro descaso com a saúde pública, sem contar as vezes em que as internas são submetidas aos maus tratos por parte da equipe de enfermagem, como é o caso de Virginia com a enfermeira Davis, que nutre uma antipatia gratuita pela nossa protagonista.
Porém, com a ajuda do Doutor Kik (Leo Genn), que lhe dedica toda a atenção, submetendo-a também a sessões de hipnoterapia e psicanálise, Virginia vai melhorado gradativamente. Durante o tratamento, o passado de Virginia vai se revelando em flash backs, que nos levam a suposta causa de sua doença. E ela, aos poucos, mesmo tendo que ser constantemente transferida de ala, por ''não conseguir se adaptar às regras'', vai se recuperando, indo até para o pavilhão 1, onde os pacientes ficam, antes de retornarem aos seus lares. Porém, mesmo estando aparentemente melhor, Virginia acaba sendo levada para o pavilhão 33, mais conhecido como ''a cova da serpente'', onde se encontram os casos mais graves e sem esperança de cura.
E é no pavilhão 33 que Virginia sofre uma grande recaída. O pavilhão 33 é tudo o que se possa imaginar de pior: pacientes desenganadas a cantar e a dançar, más condições de higiene e maus tratos piores por parte da equipe de enfermagem.
Mas o doutor Kik não desiste de Virginia, que se recupera com êxito. Porém, ela se torna testemunha dos maus tratos e das más condições às quais são impostas os doentes mentais. Sobre o filme
Olivia de Havilland nos dá uma de suas melhores performances, ficando atrás apenas de sua performance em ''Tarde Demais''. A forma estupenda como ela interpreta a personagem, nos faz sentir como se fosse conosco, como se nós estivéssemos passando por aquele problema, como se tivéssemos no hospital e vivenciando todo aquele enorme caos.
O diretor do filme, Anatole Litvak, exigiu que todos os membros da equipe, inclusive o elenco, se dedicassem ao máximo, que fizessem pesquisas em hospitais psiquiátricos, para que tudo ficasse perfeito. Olivia de Havilland se dedicou tanto às pesquisas, que visitava constantemente alguns hospitais públicos, tendo também conversado com pacientes - Olivia já disse, em entrevistas, que sua personagem foi inspirada em uma moça real, que ela conheceu durante suas visitas aos hospitais psiquiátricos - e, quando permitida, promoveu bailes nos hospitais e se submeteu a sessões de psicanálise. A intensidade como Olivia prestava a atenção a todos os procedimentos clínicos e a seriedade de suas pesquisas, impressionaram a todos. Ela também participou de eventos sociais em hospitais psiquiátricos.
A colunista Florabel Muir, após o lançamento do filme, questionou se realmente os hospitais psiquiátricos permitiam danças e contato com os internos mais violentos, como mostra uma certa cena do filme, em que é promovido um baile no hospital. Para a surpresa de Florabel, Olivia, por telefone, a assegurou de que a iniciativa de promover bailes foi ela mesma quem tomou.
Inspirado no livro de Mary Jane Ward, que causou controvérsia na época de seu lançamento, o filme tem como proposta mostrar às autoridade às más condições as quais os internos dos hospitais psiquiátricos públicos são submetidos.
O filme, tal como o livro, causou um grande impacto, sendo muito elogiado pela crítica e conquistando uma das maiores bilheterias de 1948, mais precisamente na sexta posição, empatando com Belinda.
O impacto do filme foi tanto, que em 1949, Herb Stein escreveu: '' O Wisconsin é o sétimo estado do país a instituir reformas em seus hospitais mentais em consequência do filme''. Mais tarde, todos os estados procuraram instituir reformas em seus hospitais psiquiátricos apenas por influência do filme.
Anatole Litvak dirigiu brilhantemente este longa, sendo indicado a vários prêmios, assim como o filme. Olivia de Havilland, por sua vez, arrancou elogios da crítica, tendo sido apontada como a melhor performance do ano, rendendo sua quarta indicação ao Oscar, mas não levou o prêmio. Entretanto, Olivia arrecadou praticamente todos os prêmios do ano.
Em 1950, a Warner Bros adquiriu os direitos de ''Um Bonde Chamado Desejo'', e Olivia foi convidada para viver a esquizofrênica Blanche DuBois, mas recusou, alegando que não poderia aceitar o papel por ter sido mãe recentemente.
O papel ficou com Vivien Leigh, com quem Olivia havia trabalhado antes em ''E O Vento Levou''. Por este filme, Vivien recebeu seu segundo Oscar de Melhor Atriz e a aclamação da crítica.
A Cova da Serpente é um dos grande clássicos da década de 1940, tornando-se atemporal e até hoje sendo requisitado como um dos melhores filmes sobre doenças mentais, influenciando muitos outros a falar sobre o tema.
Prêmios e Indicações
O filme recebeu vários prêmios e também indicações, incluindo:
Oscar
- Indicado para 6 Oscars, venceu na categoria de melhor mixagem de som (Thomas T. Moulton).
Indicações:
- melhor filme;
- melhor atriz (Olivia de Havilland);
- melhor direção (Anatole Litvak);
- melhor roteiro adaptado (Frank Partos, Millen Brand);
- melhor trilha sonora (Alfred Newman).
Festival de Veneza
- Ganhou o prêmio Volpi Cup de Melhor Atriz (Olivia de Havilland).
- O filme ganhou também um prêmio especial no Festival de Veneza em 1949. Como foi dito, para "a história audaz dos casos clínicos mostrados".
- O diretor Anatole Litvak foi indicado ao prêmio Leão de Prata.
Sindicato dos Jornalistas Italianos
- Prêmio de Melhor Atriz Estrangeira (Olivia de Havilland).
Curiosidades:
Gene Tierney foi escolhida para o papel de Virgínia Stuart Cunningham, mas ficou grávida e foi substituída por Olivia de Havilland.
The Snake Pit foi, mais precisamente, o terceiro filme a abordar sobre a vida de uma pessoa que sofre de doença mental. O primeiro foi Quando Fala o Coração, de Alfred Hitchcock, e o segundo, Amar Foi Minha Ruína, ambos os filmes de 1945.
A personagem de Virginia, assim como a personagem Jody Norris do filme ''Só Resta uma Lágrima'', foi oferecida à Ginger Rogers, que recusou. Os papeis ficaram com Olivia de Havilland, que ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Atriz por ''Só Resta uma Lágrima'' e foi indicada novamente ao prêmio por ''A Cova da Serpente''.
Em entrevista, Ginger declarou: '' Parece que Olivia sabe quando é algo bom. Talvez ela devesse me agradecer por eu ter tão pouco discernimento''.
O personagem do gentil psiquiatra "Mark Kick" foi inspirado no verídico Dr. Gerard Chrzanowski, que pedia a seus pacientes para chamar-lhe simplesmente de "Dr. Kick". Dr. Chrzanowski morreu em novembro de 2000, aos 87 anos.
Em seu livro (que inspirou este filme), Mary Jane Ward conta o que lhe aconteceu na época em que ela teve de ser internada num hospital psiquiátrico. O livro causou muita controvérsia quando foi lançado em 1946, sendo considerado por alguns como uma acusação mordaz aos tratamentos dos doentes mentais, um assunto considerado tabu nos anos 40.
O título deriva de uma prática antiga que faziam com os doentes mentais, que eram atirados em lugares que os perturbassem, chamados de "cova das serpentes". Essa prática, segundo diziam, faria de um insano uma pessoa normal. A personagem principal do filme comenta sobre isso numa das cenas finais.
Muitas cenas do filme foram gravadas no Camarillo State Mental Hospital, na California.
Uma versão de The Snake Pit foi realizada para o rádio em 1950, também com de Havilland no papel principal.
Olivia de Havilland considera este o seu melhor filme e também o que mais gostou de participar.
Abaixo, confira o trailer de ''A Cova da Serpente'':
Como citei em uma postagem anterior, esse ano a magnífica Olivia de Havilland completará seu centenário, gozando de boa saúde e sendo louvada sempre pelos grandes fãs de seu trabalho. Bem, como eu sou uma grande fã, vou cumprir o que falei anteriormente: mais postagens sobre Olivia.
Não vou fazer por ordem cronológica de sua carreira, mas sim pelos seus melhores filmes. Quando me refiro aos ''melhores filmes'', não me refiro à bilheteria, mas sim à qualidade da trama, da atuação e etc.
E hoje é vez de ''The Heiress'' ganhar destaque aqui, sendo este um dos melhores filmes de Olivia e com uma atuação superior a tudo.
Sinopse:
Por volta de 1849/1850, Catherine Sloper (Olivia de Havilland), é uma jovem tímida e sem atrativos, filha do renomado doutor Sloper (Ralph Richardson), e herdeira de uma grande fortuna deixada por sua mãe, e futuramente herdeira de uma fortuna maior ainda por parte de seu pai.
Devido à sua timidez e a opressão de seu pai, Catherine nunca fora cortejada, tampouco alimenta esperanças de que alguém possa desposá-la. A relação de Catherine com seu pai nunca foi das melhores. Obcecado por sua falecida esposa, Austin tenta de todas as formas possíveis fazer com que Catherine se iguale à mãe, mas sem sucesso. Acontece que a garota é totalmente desprovida de atrativos, tanto físicos como intelectual.
Mas, com a chegada de tia Lavínia (Miriam Hopkins) à cidade, surge a chance de Catherine ir à uma festa, e é lá que ela conhece Morris Townsend (Montgomery Clift), que começa a cortejá-la. Morris é um bonito rapaz, culto, elegante, mas sem um tostão, o que faz com que o doutor Sloper comece a suspeitar de que Morris não está interessado em Catherine, mas sim em sua fortuna.
Completamente apaixonada por Morris, Catherine, que nunca antes contestara o pai, decide se casar com Morris, porém, para pôr o suposto amor do rapaz à prova, Austin a leva consigo para uma longa viagem à Europa, a fim de que a filha, nesse meio tempo, se esqueça de Morris.
A viagem é inútil, Catherine continua apaixonada, e Morris, persistente. E, ao voltarem para Nova York, Morris e Catherine planejam fugir naquela mesma noite. Mas ao informar Morris de que seu pai a deserdará, caso se case com ele, o rapaz desiste da fuga e vai para a Califórnia, deixando Catherine esperando à noite toda. No dia seguinte, ao saber da notícia de que Morris fora embora, Catherine sofre ao saber que seu pai tinha razão, que o rapaz estava apenas interessado em seu dinheiro.
Após o abandono de Morris, a relação de Catherine com o pai vai se degradando cada dia mais, numa constante troca de ofensas por ambas as partes.
Tempos depois, o doutor Sloper morre, deixando Catherine ainda mais rica, porém, ela já não é mais a mesma.
De ingênua, romântica e tímida, ela se torna uma mulher fria e amargurada, vivendo sozinha em sua luxuosa casa na Washington Square, e gozando de sua fortuna.
Morris retorna à cidade, decidido a reconquistar Catherine. Agora, além do dinheiro, ele também está determinado a conquistar o amor dela, e é aí que Catherine vê a oportunidade perfeita para se vingar, arquitetando um cruel plano de vingança, e dando início a uma nova vida para si mesma.
Sobre o filme:
Tarde Demais é um maravilhoso drama romântico, mas sua magnitude não se encontra apenas na história, mas sim nas atuações, sobretudo a de Olivia de Havilland, cuja sua capacidade interpretativa já havia sido posta à prova em outros filmes, mas que surpreende mais ainda neste. O modo doce e ingênuo, totalmente desprovida de glamour e elegância da Catherine do início do filme, já surpreende, e o público se surpreende ainda mais com a reviravolta da personagem: de ingênua e doce, para fria e amarga. E Olivia fez isso de uma forma inigualável, pois o público só a via como a doce e ingênua - ela já havia provado o contrário antes em outros filmes, como A Cova da Serpente e Espelhos D'Alma -, mas Catherine é, sem a menor sombra de dúvidas, a personagem mais complexa de Olivia, o que rendeu à atriz vários prêmios, incluindo o seu segundo Oscar de Melhor Atriz e a aclamação do público.
Ainda sobre às atuações, Ralph Richardson também é um show à parte. A forma brilhante como interpretou o tirano doutor Austin Sloper, nos faz odiá-lo do começo ao fim, mas a magnitude de sua atuação nos deixa surpresos, ainda mais nas cenas com Olivia. A cada cena dos dois juntos, uma nova emoção.
E Montgomery Clift, em início de carreira, também brilha como o interesseiro Morris, e brilha ainda mais nas cenas com Olivia e Miriam Hopkins, que se saiu ótima como a romântica tia Lavínia.
Entretanto o ponto forte do filme não é o romance entre Morris e Catherine, mas sim a relação de Catherine com o pai. Austin idealizou tanto a falecida esposa, que tornou-se uma obsessão para si tornar Catherine igual a mãe.
Mas vendo que isso é algo impossível, Austin passa a desprezar Catherine, oprimindo a garota e tornando-a inferior, indefesa e infeliz por não conseguir se igualar à sua finada mãe.
Em certa cena do filme, Austin deixa claro o seu desprezo pela filha, definindo-a como "um ser desprezível e insignificante". E mais tarde, quando finalmente revela à filha todo o seu desprezo, fica claro que ele, de fato, nunca amou sua filha. Para ele, ela era apenas a pessoa que herdaria sua fortuna, nada além disso.
E é a partir deste momento em que Catherine muda seu comportamento, passando a nutrir o mesmo sentimento por seu pai.
Obviamente que o abandono de Morris serviu para a brusca mudança de comportamento da protagonista, mas principalmente sua malfadada relação com o pai a deixou assim: fria, amarga e, de certa forma, cruel.
" Aprendi com grandes mestres", como ela mesma menciona, quando questionada sobre crueldade, deixa claro que ela se refere a Morris, mas a cima de tudo, a seu pai.
O filme é totalmente baseado no livro Washington Square, de Henry James e na peça The Heiress que Olivia de Havilland assistiu em Nova York, e convencida de que a peça daria um excelente filme, convenceu o diretor William Wyler a fazer com que a Paramount adquirisse os direitos da peça e produzissem o filme.
O filme foi um sucesso de crítica e bilheteria, arrecadando diversos prêmios.
E talvez, se não fosse pela inciativa de Olivia, The Heiress nunca teria chegado aos cinemas.
A direção competente de Wyler, a magnífica trilha de Aaron Copland e, obviamente, as atuações, fazem de Tarde Demais um clássico, uma obra-prima da década de 1940, que deve estar na lista de qualquer amante da sétima arte.
Seria difícil dizer que este clássico tão amado e aclamado pelos fãs de cinema não é um dos meus favoritos. Com um roteiro bem elaborado, direção impecável, trilha sonora esplêndida, e acima de tudo com atuações memoráveis e inigualáveis, a obra-prima de Billy Wilder torna-se melhor com o passar dos anos.
O filme do gênero noir, começa do fim, levando o expectador a ficar mais e mais intrigado com a estória. Joe Gillis (brilhantemente interpretado por William Holden), um roteirista de filmes B, narra sua vida seis meses antes de ser assassinado - sim, curiosamente, todo o filme é contado a partir do ponto de vista do morto.
Em busca de 200 dólares para pagar o documento de seu carro, a fim de resolver suas pendências com os ''tiras'', Joe encontra asilo numa antiga e luxuosa mansão em Hollywood, mais precisamente na famosa Sunset Blvd. Retiro de grandes artistas dos velhos tempos, Joe se esconde na velha mansão, que como descrita por ele, se parece com um enorme e velho elefante branco. Mas, para a surpresa de Joe, é lá que vive uma das maiores estrelas do cinema mudo, Norma Desmond (ARRASADORAMENTE interpretada pela magnífica Gloria Swanson), que fizera muito sucesso no passado, mas que agora, com o som e o technicolor, fora para sempre esquecida dos estúdios e do público.
Na ilusão de que pode voltar a brilhar - Há uma antológica cena no filme, em que questionada por Joe sobre seu magnetismo para à indústria cinematográfica, Norma nos dá uma das mais celebres frases dos cinema: ''Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos''. -, Norma, junto com o seu fiel mordomo e maior fã, Max (Erich Von Stroheim), fazem com que Joe viva na mansão para trabalhar um ridículo roteiro de ''Salomé'', totalmente escrito por Norma, crendo que esta será a ''obra-prima'' que a levará de volta ao sucesso.
Durante esse período, Norma, já sozinha e esquecida, se apaixona por Joe. Mas o que era apenas para ser uma simples paixão, tornasse uma louca obsessão, resultando numa das tragédias passionais mais memoráveis do cinema.
Não é exagero dizer que Sunset Boulevard é uma das maiores obras cinematográficas já produzidas, tampouco dizer que a atuação de Gloria Swanson, uma belíssima atriz da década de 1920s que estava há oito anos afastada das telas é uma das melhores atuações que já se viu.
O roteiro brilhantemente elaborado e a direção mais do que competente de Billy Wilder, nos leva a conhecer uma face sombria de Hollywood. Uma Hollywood hipócrita e desprezível, tanto com o público como para com seus antigos astros.
Além disso, Sunset Blvd é um dos primeiros filmes a tratar sobre problemas psiquiátricos. Não focando exatamente no tema, mas sabemos, ao decorrer da fita, que Norma sofre de problemas mentais gravíssimos, problemas omitidos por Hollywood, problemas que, cedo ou tarde iriam causar-lhe grandes problemas.
A personagem de Swanson é completamente obcecada por si mesma. Incrédula com a ideia de que o sucesso e a juventude ficaram no passado, ela, com a ajuda de seu ex marido, ex empresário, amigo, e agora fiel mordomo e escudeiro Max, mantém a fantasia de que ela ainda é um sucesso, chegando até mesmo a lhe enviar flores e cartas com fotos para que ela mesma possa autografar.
Em Joe ela se vê novamente jovem, no auge da fama, o que faz gerar essa paixão doentia por ele.
Anos mais tarde tivemos ''O que Terá Acontecido a Baby Jane?'', que é bastante semelhante a Sunset Blvd, tendo também uma protagonista obcecada por si mesma e crente que voltará ao sucesso.
Porém, ao contrário de Baby Jane, não há um mistério que justifique a doença mental da personagem. O motivo da doença mental de Norma é simples: ela não sabe lidar com o envelhecimento, menos ainda com o esquecimento.
O filme aborda a falta de consideração com esses grandes astros, a decadência (na minha opinião, o cinema melhorou muito, mas muiiiito mesmo depois dos anos 20, mas não na da personagem) dos filmes e, de certa forma, a alienação do público no novo, despertando o desinteresse no antigo, naquilo que foi essencial para a construção do presente e do futuro.
Buster Keaton e dentre outros antigos atores, assim como o maravilhoso diretor Cecil B. DeMille fazem participações no longa. Norma, em determinada cena, se caracteriza como Chaplin, novamente homenageando a saudosa década de 1920 e seus filmes em preto e branco, mudos, mas que tinham algo a mais a oferecer.
William Holden se saiu maravilhoso como o gigolô Joe, sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator, assim como Max von Stroheim no papel do fiel Max e Nancy Olson no papel da interessada e ambiciosa analista de filmes que sonha em ser uma famosa escritora.
A direção estupenda dá ao público uma visão mais ampla dos acontecimentos, assim como a maravilhosa trilha sonora que nos leva ao ápice do suspense.
Sunset Boulevard é uma das maiores obras-primas do cinema. Um filme que merece ser visto e revisto muitas vezes por todos os amantes da sétima arte.