sábado, 21 de maio de 2016

The Heiress - Tarde Demais, 1949

Tarde Demais, 1949


Como citei em uma postagem anterior, esse ano a magnífica Olivia de Havilland completará seu centenário, gozando de boa saúde e sendo louvada sempre pelos grandes fãs de seu trabalho. Bem, como eu sou uma grande fã, vou cumprir o que falei anteriormente: mais postagens sobre Olivia. 
Não vou fazer por ordem cronológica de sua carreira, mas sim pelos seus melhores filmes. Quando me refiro aos ''melhores filmes'', não me refiro à bilheteria, mas sim à qualidade da trama, da atuação e etc. 

E hoje é vez de ''The Heiress'' ganhar destaque aqui, sendo este um dos melhores filmes de Olivia e com uma atuação superior a tudo.


Sinopse:


Por volta de 1849/1850, Catherine Sloper (Olivia de Havilland), é uma jovem tímida e sem atrativos, filha do renomado doutor Sloper (Ralph Richardson), e herdeira de uma grande fortuna deixada por sua mãe, e futuramente herdeira de uma fortuna maior ainda por parte de seu pai.

Devido à sua timidez e a opressão de seu pai, Catherine nunca fora cortejada, tampouco alimenta esperanças de que alguém possa desposá-la. A relação de Catherine com seu pai nunca foi das melhores. Obcecado por sua falecida esposa, Austin tenta de todas as formas possíveis fazer com que Catherine se iguale à mãe, mas sem sucesso. Acontece que a garota é totalmente desprovida de atrativos, tanto físicos como intelectual. 

Mas, com a chegada de tia Lavínia (Miriam Hopkins) à cidade, surge a chance de Catherine ir à uma festa, e é lá que ela conhece Morris Townsend (Montgomery Clift), que começa a cortejá-la. Morris é um bonito rapaz, culto, elegante, mas sem um tostão, o que faz com que o doutor Sloper comece a suspeitar de que Morris não está interessado em Catherine, mas sim em sua fortuna.

Completamente apaixonada por Morris, Catherine, que nunca antes contestara o pai, decide se casar com Morris, porém, para pôr o suposto amor do rapaz à prova, Austin a leva consigo para uma longa viagem à Europa, a fim de que a filha, nesse meio tempo, se esqueça de Morris.

A viagem é inútil, Catherine continua apaixonada, e Morris, persistente. E, ao voltarem para Nova York, Morris e Catherine planejam fugir naquela mesma noite. Mas ao informar Morris de que seu pai a deserdará, caso se case com ele, o rapaz desiste da fuga e vai para a Califórnia, deixando Catherine esperando à noite toda. No dia seguinte, ao saber da notícia de que Morris fora  embora, Catherine sofre ao saber que seu pai tinha razão, que o rapaz estava apenas interessado em seu dinheiro.

Após o abandono de Morris, a relação de Catherine com o pai vai se degradando cada dia mais, numa constante troca de ofensas por ambas as partes.

Tempos depois, o doutor Sloper morre, deixando Catherine ainda mais rica, porém, ela já não é mais a mesma. 

De ingênua, romântica e tímida, ela se torna uma mulher fria e amargurada, vivendo sozinha em sua luxuosa casa na Washington Square, e gozando de sua fortuna.

Morris retorna à cidade, decidido a reconquistar Catherine. Agora, além do dinheiro, ele também está determinado a conquistar o amor dela, e é aí que Catherine vê a oportunidade perfeita para se vingar, arquitetando um cruel plano de vingança, e dando início a uma nova vida para si mesma.

Sobre o filme: 

Tarde Demais é um maravilhoso drama romântico, mas sua magnitude não se encontra apenas na história, mas sim nas atuações, sobretudo a de Olivia de Havilland, cuja sua capacidade interpretativa já havia sido posta à prova em outros filmes, mas que surpreende mais ainda neste. O modo doce e ingênuo, totalmente desprovida de glamour e elegância da Catherine do início do filme, já surpreende, e o público se surpreende ainda mais com a reviravolta da personagem: de ingênua e doce, para fria e amarga. E Olivia fez isso de uma forma inigualável, pois o público só a via como a doce e ingênua  - ela já havia provado o contrário antes em outros filmes, como A Cova da Serpente e Espelhos D'Alma -, mas Catherine é, sem a menor sombra de dúvidas, a personagem mais complexa de Olivia, o que rendeu à atriz vários prêmios, incluindo o seu segundo Oscar de Melhor Atriz e a aclamação do público.

Ainda sobre às atuações, Ralph Richardson também é um show à parte. A forma brilhante como interpretou o tirano doutor Austin Sloper, nos faz odiá-lo do começo ao fim, mas a magnitude de sua atuação nos deixa surpresos, ainda mais nas cenas com Olivia. A cada cena dos dois juntos, uma nova emoção. 

E Montgomery Clift, em início de carreira, também brilha como o interesseiro Morris, e brilha ainda mais nas cenas com Olivia e Miriam Hopkins, que se saiu ótima como a romântica tia Lavínia. 

Entretanto o ponto forte do filme não é o romance entre Morris e Catherine, mas sim a relação de Catherine com o pai. Austin idealizou tanto a falecida esposa, que tornou-se uma obsessão para si tornar Catherine igual a mãe. 
Mas vendo que isso é algo impossível, Austin passa a desprezar Catherine, oprimindo a garota e tornando-a inferior, indefesa e infeliz por não conseguir se igualar à sua finada mãe.
Em certa cena do filme, Austin deixa claro o seu desprezo pela filha, definindo-a como "um ser desprezível e insignificante". E mais tarde, quando finalmente revela à filha todo o seu desprezo, fica claro que ele, de fato, nunca amou sua filha. Para ele, ela era apenas a pessoa que herdaria sua fortuna, nada além disso.

E é a partir deste momento em que Catherine muda seu comportamento, passando a nutrir o mesmo sentimento por seu pai.

Obviamente que o abandono de Morris serviu para a brusca mudança de comportamento da protagonista, mas principalmente sua malfadada relação com o pai a deixou assim: fria, amarga e, de certa forma, cruel.
" Aprendi com grandes mestres", como ela mesma menciona, quando questionada sobre crueldade, deixa claro que ela se refere a Morris, mas a cima de tudo, a seu pai.

O filme é totalmente baseado no livro Washington Square, de Henry James e na peça The Heiress que Olivia de Havilland assistiu em Nova York, e convencida de que a peça daria um excelente filme, convenceu o diretor William Wyler a fazer com que a Paramount adquirisse os direitos da peça e produzissem o filme.

O filme foi um sucesso de crítica e bilheteria, arrecadando diversos prêmios.
E talvez, se não fosse pela inciativa de Olivia, The Heiress nunca teria chegado aos cinemas.

A direção competente de Wyler, a magnífica trilha de Aaron Copland e, obviamente, as atuações, fazem de Tarde Demais um clássico, uma obra-prima da década de 1940, que deve estar na lista de qualquer amante da sétima arte.

Abaixo, confira o trailer de The Heiress:



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